As principais diferenças entre creches no Brasil e no Canada
Eu sempre recebo várias perguntas aqui no Blog sobre educação, principalmente de leitores que estão imigrando e que estão preocupados com as questões de adaptação de seus filhos, ou querem simplismente entender como o sistema educaional aqui do Canadá funciona no geral e suas diferenças ou similaridades com o Brasil. Eu sei sim muita coisa no que se refere a educação superior, até porque já trabalhei um bom tempo com isso aqui no Canadá e também me formei aqui. Mas no que se refere a educação primária e secundária, eu prefiro falar com um especialista.
Pensando nisso, eu convidei a queridíssima Pamela Greco do blog Pais que Educam, para me ajudar nesta tarefa. A Pamela é educadora e apaixonada pelo que faz, ela mora aqui no Canadá há 3 anos e trabalha aqui com educação infantil. Nestes 3 anos ela vem se especializando em projetos Educacionais e modelos de proteção à infância daqui. Portanto ela é a melhor pessoa para faalr sobre este tema, e hoje ela nos conta um pouco sbre as principais diferenças entre creches (Day Care) no Brasil e no Canadá.
As principais diferenças entre creches no Brasil e no Canada
Desde que vim para o Canada, em junho de 2015, eu tive a oportunidade de conhecer mais o sistema de creches Canadenses em diferentes formatações. Para mim, educadora formada no Brasil, era um universo novo e eu percebia que para muitos pais que haviam acabado de chegar no país as dúvidas eram as mesmas. Foi preciso estudar muitos documentos regulamentadores, conversar com vários educadores infantis, passar por entrevistas e avaliações de “fiscais” e, claro, atuar em diversas para entender melhor como tudo funcionava. E é com muito prazer que venho tirar algumas pulgas de trás de sua orelha sobre um assunto tão delicado e importante como a educação de nossas crianças.
Cada província (Estado) tem regulamentações específicas quanto à algumas de funcionamento. Falarei de forma geral, nos pontos em que há similaridades.
Principais diferenças entre funcionamento:
- Não há sistema público de creches. A educação infantil, até os 4 anos e meio de idade quando as crianças entram para o sistema público de educação, é particular e muito bem paga. Algumas creches estabelecem parceria com o governo e os pais podem solicitar um auxílio para pagamento de mensalidades. Essa solicitação é simples e o valor do auxílio varia de acordo com sua renda no Canada, sendo muito bem vindo pela maioria das famílias de imigrantes recomeçando suas vidas.
- A oferta de creches é baixa para a demanda. Há famílias que esperam mais de ano por uma vaga, principalmente quando optam por uma creche específica. Caso você esteja planejando mudar, há listas de creches disponíveis nos sites de cada cidade. Eu sempre sugiro que as famílias já façam algum contato, depois de pedir indicação nos grupos de brasileiros e pesquisar qual metodologia preferem.
- As creches são altamente fiscalizadas. Os ministérios responsáveis mandam “fiscais” com uma frequência grande. De forma muito superficial, as avaliações levam em conta: qualidade de relação entre educadores e crianças, materiais e condições em que estão disponíveis, higiene, nível de documentos e suporte oferecido aos pais, a quantidade de professores por criança em todos os períodos, integração e exposição de várias culturas expressas nos brinquedos disponíveis, calendários e planejamento de atividades. As creches são rankeadas de acordo com esses critérios.
- Existem creches familiares ou creches em casa. Se forem regulamentadas então elas podem ter, em geral, até 8 crianças e passam pelas mesmas fiscalizações que as creches regulares. Há ainda as “licença não requerida”, quando têm até quatro crianças ou menos, e também passam pelas mesmas fiscalizações. Não aconselho as não regulamentadas.
- Os prédios raramente são tão atrativos quanto no Brasil. Em geral são simples mas muito bem organizados, limpos e com muito material disponível. Não há “ostentação” tecnológica alguma, salvo algumas raras creches que decidiram instalar sistemas de câmera nas salas e todas as informações são integradas em um sistema ao qual os pais têm acesso.
- Há um número determinado de professores para certa quantidade de crianças, variando conforme a idade. Para bebês até 18 meses, esse número é de um adulto para cada quatro bebês. Após essa idade o número sobe para 8 crianças para cada professor. Diferente do Brasil, a fiscalização para esse quesito é altíssima.
- As creches não tem tanta flexibilidade de horários quanto as creches no Brasil. Aqui há um sistema mais rígido e não há a ideia de meio período (6 horas por dia), mas sim número de dias na semana (a criança pode frequentar apenas 2 dias, 3 ou 5). Os pais que atrasam para buscar os filhos pagam um valor por minuto ou a cada 10 minutos. No caso de atrasos longos (tempo estabelecido em contrato), os contatos de emergência são chamados e se não houver resposta, assistentes sociais são chamadas.
Essas são algumas das principais diferenças em relação ao funcionamento, agora vamos falar diferenças de metodologia e visão da infância.
- Não espere creches que focarão em alfabetizar seu filho ou filha antes que entre na escola. Esse não é o trabalho principal e metodologia da maioria delas. O foco está na brincadeira e na exploração de materiais naturais, parques e bibliotecas. As crianças brincam com alfabetos e lêem muito, mas não há treino de escrita (salvo algumas creches específicas).
- As professoras não são “tias”. Há vínculos afetivos, mas nada de abraços e beijos. Também não estranhe se a professora vier falar sobre o comportamento do seu filho e te orientar em como agir. Aqui as professoras são tidas como profissionais habilitadas em infância e que fornecem informações sobre desenvolvimento infantil para os pais (no Brasil as professoras têm mesma formação mas a percepção do trabalho delas pela comunidade é mais um papel de cuidadora). Algumas famílias brasileiras estranham esse costume, tendo a impressão de que as professoras estão “invadindo” um tema privado.
- Não há sistemas apostilados ou materiais prontos nas creches. Isso vai contra os princípios de educação infantil que prezam pelo desenvolvimento integral e não aprimoração cognitiva.
- Não há listas de materiais para compra antes do período letivo. Os materiais são fornecidos pela creche conforme as atividades vão sendo realizadas. Contribuições com materiais reciclados, frutas para picnic e coisas do tipo são comuns.
Acredito que esses sejam os principais pontos, mas há outros que variam entre províncias, como comentei. Adoraria saber quais dúvidas vocês têm sobre escolas e creches ou qualquer outra coisa relacionada à infância e adolescência por aqui. Deixe um comentário ou mande um e-mail clicando aqui. Um abraço enorme!
Não deixem de conecher o Blog da Pamela Pais que Educam, tem muito conteúdo de qualidade voltado para educação infantil.
O que vocês gostariam de saber sobre educação aqui no Canadá, deixem suas dúvidas nos comentários, que eu irei buscar as respostas para vocês, façam sugestões de temas que gostaria de ver aqui. 🙂
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