Estamos iniciando uma nova coluna aqui no blog – Brasileiro pelo Mundo – tendo como foco mostrar um pouco da vida de brasileiros que decidiram morar fora do Brasil, o objetivo dessa série é contar um pouco da trajetória de cada um desses brasileiros e sobre quais foram os motivos que os fizeram sair do Brasil e por fim como é a vida de um expatriado. No primeiro post dessa série, apresento o Felipe e sua esposa Simone que em Outubro de 2013 trocaram a vida de São Paulo por Miami nos EUA.
Um Casal Brasileiro em Miami
Resolvi escrever este texto para compartilhar um pouco como foi a experiência de mudar para os Estados Unidos com minha esposa, o racional por trás disso, e contar um pouco das alegrias e das dificuldades inerentes a este processo. Embarquem nessa comigo!!
Conheci os Estados Unidos pela primeira vez num intercâmbio de inglês, em Fevereiro de 1995, porém somente a partir de 2007, comecei a nutrir a idéia de lá. A decisão, por si só, já não é simples e demanda uma certa dose de desprendimento e desapego, de coragem, de apetite por aventura e pelo novo e desconhecido. No meu caso, o lado familiar contava bastante, pois sou muito apegado ao meu pai e só tenho um irmão, mais novo, o qual já mora na Austrália há muitos anos, de maneira que minha mudança significava pro meu pai ter os dois filhos morando bem longe do longínquo interior do Rio Grande do Sul.
Nossa principal motivação para tentar uma oportunidade nos Estados Unidos foi a busca por uma chance de experimentar um lugar mais seguro; seguro do ponto de vista pessoal, econômico, social, politico, etc. Com isso em mente, eis que surgiu em 2013 a tal oportunidade de vir para os Estados Unidos, transferido pelo meu empregador, o que acabou acontecendo em Outubro de 2013, e optamos por Miami!
Sobre Miami
Miami tem uma população majoritariamente latina, onde o idioma espanhol acaba tendo uma importância impressionante. Basicamente você nem precisa falar ingles em Miami se conseguir se virar no espanhol; devagarinho o português vai tomando um espaço maior também. Aqui a gente percebe mais o calor humano (e do ar mesmo – aff, que calor e umidade!!), a maior interação entre as pessoas, etc. Com um clima quente quase todo o ano, que varia basicamente entre periodo de seca (inverno) e de chuva (verão), Miami tem entre o final de Dezembro e Janeiro os seus dias mais frios, com temperaturas não inferiores a uns 9 graus Celsius; em geral a temperature no “inverno” fica na casa dos 16 a 23 Celsius, e no “verão” passa sempre dos 30 (e mesmo de noite, não baixa de 27 Celsius). Além disso, no verão a umidade é muito alta, fazendo com que a sensação térmica seja mais maior e o ar mais difícil de respirar, como se fosse mais pesado. Por essas razões conseguimos entender que a alta temporada de Miami seja, na verdade, o inverno e não o verão. Com clima mais ameno, mas ainda assim agradável, enquanto quase que o restante dos Estados Unidos sofre com frio e neve, Miami acaba senddo um destino de fuga nos meses de inverno. Além disso, é nos meses de invernos que você vai encontrar a maioria de atividades ao ar livre, as quais muitas vezes são suspensas no verão, tamanho o calor e umidade.
Miami tem muitas opções para entretenimento! Há praias fantásticas de mar azul/esverdeado que não fazem você sentir saudades do Caribe, muitos parques pra você aproveitar com a família e amigos, campos de golf e quadras de tenis são frequentes e bem acessíveis ao público em geral (você não precisa ser da elite para estes esportes aqui), e ultimamente há uma crescente no âmbito de arte e design. A gastronomia de Miami também é bastante variada, com muita coisa dos diferentes paises latino-americanos, mas também muita comida caribenha e cubana. A presença asiática em Miami é mais limitada, mas ainda assim há excelentes opções de gastronomia também. E claro, com tantos latinos, naturalmente pequenas comunidades acabam se formando. A região de Doral, por exemplo, é muito conhecida, informalmente, como Doralzuela, tamanha a imigração de Venezuelanos para lá. Coral Gables concentra muitos argentinos e colombianos, enquanto acredito que a maior concentração de brasileiros esteja mesmo nas areas de praia, como Miami Beach, Sunny Isles e Aventura. Ah, e os americanos?? Bem, eu ouso dizer que eles são poucos, hehe.
Atrações
Alguns locais e atrações muito visitados por brasileiros (e demais turistas em geral) são os outlets – sim, há vários em Miami e arredores, com destaque para o Dolphin Mall (perto do aeroporto de Miami) e o Sawgrass Mills (em Sunrise, uns 40min de Miami), a região do Bayside, com as Arenas do Miami Heat, centros de arte, museus e um Marketplace à beira da baía de Miami com vários bares e restaurants, e claro, Miami Beach e seus vários quilômetros de areia lisinha, praia de água limpa e quente, com muitos bares e restaurants. Miami Beach tem muito agito, com uma vida noturna forte, e então se você quiser uma praia mais sossegada, com ambiente mais familiar, você pode ir a Sunny Isles (25min ao norte – a praia em si é igual a Miami Beach, mas muito mais tranquilo o ambiente), ou você pode ir a Key Biscayne, que é uma pequena ilha conectada a Miami, com pequenas praias, também super familiares.
Aqui em Miami encontramos muita opção de restaurants e supermercados brasileiros. Os mais conhecidos são o Brazil Mart (tem umas 3 filiais em Miami), o Via Brasil e o Seabra (que na verdade é português mas tem muita coisa do Brasil). Assim, seu desejo de tomar guaraná, comer pão de queijo, coxinha e requeijão (pra citar alguns produtos) não fica desatendido! E claro, como bons gaúchos, precisamos de uma churrascaria!! Há muiitas em Miami e arredores, desde as mais famosas e conhecidas como Fogo de Chão e Texas do Brazil, a outras locais, como Area Code 55 e Steak Brasil (que é onde eu e minha esposa vamos e já levamos vários amigos e familiares – e todos adoram!!). E claro, há opções para uma feijoada (o bar chama-se Boteco – não confundir com o Boteco Copacabana em Miami Beach que é bem ruim na minha opinião), e até opção para salgados e pasties fritos na hora você em contra (mais ao norte, em Pompano Beach, cerca de 1h de Miami, na Casa do Pastel).
Adaptação
Em termos de adaptação, confesso que em geral foi bem fácil. Como o choque cultural e de clima foi menor, as dificuldades foram menores. Entender a dinâmica das coisas, como comentei no início, foi, é e continuará sendo fundamental. Para a minha esposa, em particular, a adaptação tem sido um pouco mais difícil porque ela não fala fluentemente ingles ou espanhol (quase o idioma official por aqui!!), e com isso nos seus primeiros meses tinha mais dificuldades com coisas simples de comunicação. Mas nada que com o tempo e muito estudo não se resolva! Talvez o idioma seja mesmo o maior fator de adaptação para quem vem morar em Miami, pois coisas simples como ir a uma loja e pedir uma informação podem ser incompreendidas. Não que isso seja o fim do mundo, não é mesmo, mas o problema é como você lida com isso. Minha esposa e eu conversamos muito sobre o tema e ela entendeu que isso levaria um tempo, e que não havia uma relação direta com a complexidade da situação; se você não domina o idioma com conforto, mesmo pedir uma informação em uma loja pode ser complicado.
Adoramos morar em Miami, não é um local perfeito, tem seus problemas (em geral bem menos do que estamos acostumados no Brasil) mas é realmente muito bom!! Nas diferentes vizinhanças de Miami você pode ter desde áreas bem urbanas e agitadas, a áreas bem familiares a pacatas. Há opções para todo gosto e orçamento também. Se você considerar Miami como opção de moradia, saiba que o sistema de transporte público aqui é, talvez, o maior ponto negativo. A cidade está numa região meio pantanosa (o Everglades e seus jacarés estão aqui do lado!!) e com isso nada aqui é subterrâneo, no máximo 1 piso subterrâneo e olhe lá. Com isso não podem ter um sistema de trens que não seja na superfície, o que acaba esbarrando nas diferentes construções da cidade. Assim, programe-se para ter um carro por aqui, sim ou sim! Algumas pessoas falam que Miami é uma cidade violenta; eu imagino que possa ser mais violenta que muitas cidades americanas, mas provavelmente estará em condições similares às demais cidades americanas de porte similar. Você não pode comparar uma metrópole com uma cidadezinha do interior. Morar num grande centro tem seus bônus mas também seus ônus, mas de qualquer maneira em geral há menos violência do que no Brasil, disso não tenho dúvidas.
Ai você pode se perguntar – o que mais sentimos falta do Brasil? A resposta mais sincera é dizer que sentimos falta das pessoas – familiares e amigos. Sim. É resposta meio cliché, mas é a verdade. Miami “faz” um excelente trabalho em fazer você não sentir tanta falta assim do ‘lugar’ Brasil, com clima parecido, cultura parecida (o aspecto mais latino), belezas naturais, e até a comida, que é uma coisa que muita gente sente falta, aqui temos tanta opção que ajuda a diminuir a saudade de “casa.” Interessante isso, pois cada vez mais minha esposa e eu sentimos que Miami é nossa casa, e os planos de ficar definitivamente por aqui vão ficando mais fortes. Infelizmente quando olhamos o Brasil pela TV, internet, ou quando falamos com amigos e familiares que moram no Brasil, vemos um cenário difícil.
E se você que estiver lendo este blog estiver pensando em vir morar nos Estados Unidos, seja em Miami ou qualquer lugar, minha maior dica é planejamento – planeje bem sua vinda! Ah, e venha legalizado. Estar ilegal é estar todo dia caminhando no fio da navalha. Eu entendo e respeito as decisões de quem vem ilegal, na minha opinião vale a pena esperar um pouco, planejar, se organizar, e vir legalizado, do que se arriscar na ilegalidade e estar todos os dias com o receio de ser deportado e ver todo seu sonho ir por água abaixo, talvez de maneira definitiva.
Um abraço e boa sorte!
Felipe
Se você também gostaria de participar dessa coluna, mande um e-mail para: contato@outsidebrazil.com queremos muito ouvir a sua história!
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